Apresentado como um ministério particular da Palavra de Deus, o aconselhamento bíblico é um conceito frequentemente envolto em confusão, mas essencial para a compreensão do serviço cristão. A distinção fundamental desta prática é que sua definição e metodologia devem fluir diretamente das Escrituras, diferentemente de estereótipos ou conceitos seculares de ajuda.

A Fundamentação Bíblica do Aconselhamento

A compreensão do aconselhamento bíblico é profundamente enraizada na revelação progressiva da Palavra de Deus. Desde Gênesis, vê-se um padrão estabelecido pelo Criador: a Palavra de Deus transforma o que está sem forma e preenche o que está vazio — oferecendo esperança e direção.

O homem foi criado à imagem e semelhança de Deus (Gênesis 1:26-28), não apenas de modo ontológico, mas de maneira funcional: como representante visível do Deus invisível. A queda, no entanto, distorceu esse propósito, gerando vergonha, medo e separação. A narrativa bíblica subsequente confirma a falha humana em representar Deus perfeitamente.

A solução se manifesta em Jesus Cristo, a Palavra encarnada, que é o representante perfeito de Deus. Em Cristo, temos esperança: Ele reverte os efeitos do pecado e cumpre o propósito original da criação. O mistério revelado é este: Cristo em nós, a esperança da glória.

O Propósito e a Metodologia do Aconselhamento Bíblico

O ministério do apóstolo Paulo serve como modelo para o aconselhamento. Sua tarefa — também da igreja — era anunciar Cristo, por meio de dois aspectos:

• Admoestar / Aconselhar (advertir): corrige, repreende e alinha com Cristo.
• Ensinar: instrui, edifica e forma o caráter cristão.

Essas ações são realizadas com toda a sabedoria de Cristo, visando apresentar todo cristão perfeito nEle. A Palavra forma onde não há forma e preenche o vazio, forjando a imagem de Cristo no crente. Assim, o aconselhamento não visa uma "vida melhor", mas proclamar a Cristo, confrontar o pecado e promover transformação para a glória de Deus.

O Papel da Igreja Local

O aconselhamento bíblico é função da igreja local, não de especialistas. A igreja é chamada ao aconselhamento mútuo (Rm 15:14; Cl 3:16), com membros capacitados pela Palavra para se instruírem uns aos outros em sabedoria.

Mais do que ouvir sermões, a congregação existe para encorajamento mútuo, boas obras e prevenção contra o engano do pecado.

Em resumo, o aconselhamento bíblico é essencial para cumprir a Grande Comissão. Ele não foca na autoajuda emocional, mas na proclamação de Cristo e no crescimento à Sua imagem. Elementos como a suficiência das Escrituras, a compreensão do coração e a mudança bíblica são pilares dessa prática transformadora.

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